quarta-feira, 11 de agosto de 2021

PROPOSTAS PARA MELHORAR O TRANSPORTE COLETIVO E DEIXAR AS TARIFAS MAIS BARATAS SÃO POSSÍVEIS.

Ações passam desde complementações aos custos de operação até priorização da circulação dos ônibus.

ADAMO BAZANI

Há vários anos, especialistas e os operadores de transportes vêm tentando alertar aos administradores que o custeio dos sistemas de ônibus, trens e metrôs só pela tarifa é injusto e ineficiente.

Quem ganha menos paga mais e o que é arrecadado não é suficiente para garantir o ideal à população.

Com a crise provocada pela pandemia de covid-19, o que não era ideal ficou ainda pior e diversos serviços de transportes públicos foram deteriorados e alguns deixaram de ser operados.

O número de passageiros caiu e como a receita só vem pela tarifa, os sistemas de transportes ficaram inviáveis.

Desde o ano passado, o setor pede um socorro do Governo Federal e vem sendo ignorado.

Não é dinheiro para empresário de ônibus, trens e metrôs. É para manter o básico para os serviços serem continuados.

Mas passando a pandemia, como vai ficar a situação?

Caso saia algum socorro, o próprio nome diz, é para algo pontual e emergencial.

A forma como os transportes são geridos precisa ser revista urgentemente não só para momentos emergenciais, mas como políticas de setor.

Diversos sistemas do mundo, como cidades na Europa, América do Norte, Ásia e até na América Latina, têm colhido melhorias nos transportes e na qualidade de vida das pessoas com ações como:

*- Fim da dependência exclusiva das tarifas:* subsídios públicos em especial às gratuidades nos transportes e receitas extra-tarifárias, como a transferência de recursos do transporte individual para o coletivo já são práticas comuns em muitos países. Muitas vezes, nem é necessário criar novas taxas ou impostos, mas só direcionar melhor o que já é arrecadado com os tributos já incidentes sobre os carros e de serviços como o estacionamento rotativo de rua e parques.

*-Prioridade ao transporte público*: A lentidão que os ônibus enfrentam no trânsito interfere na eficiência da prestação de serviços, que cai. Ônibus presos em congestionamentos significa mais diesel queimado à toa, mais pneus e peças desgastados, mais horas trabalhadas pelos motoristas. Isso sem contar que são necessários mais ônibus para atender a um número menor de pessoas. Mais corredores, faixas e outras soluções de engenharia para aumentar a velocidade comercial reduzem os custos e isso tem impacto na tarifa, além de deixar as viagens mais rápidas e confortáveis.

*-Desoneração de insumos e veículos*: Por mais que já tenham ocorrido avanços na questão tributária, é ainda possível reduzir a carga tributária sobre os transportes coletivos, em especial a incidente sobre combustíveis, peças e para a compra de ônibus e trens novos. A renúncia fiscal com isso pode ser coberta pelos ganhos que o poder público pode ter com as vantagens do transporte coletivo que gera menos poluição e se envolve em menos acidentes que carros e motos, impactando diretamente em custos de saúde pública.

Há uma série de outras práticas que podem ser debatidas, como agregar novos serviços aos transportes públicos para atrair o passageiro e a implantação de tecnologias que podem melhorar o gerenciamento, mas se estes três pilares básicos já foram alcançados, os ganhos serão significativos.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes, editor do site especializado Diário do Transporte

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