segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

2019: PERSPECTIVAS NO CENÁRIO DE RENOVAÇÃO QUE PRECISA INFLUENCIAR NOS TRANSPORTES

Economia dá sinais de que retomada deve continuar. Novos governos estaduais devem pensar em regiões metropolitanas
ADAMO BAZANI



O ano de 2019 marca o início de novas gestões, tanto federal, como nos Estados.
A melhoria da mobilidade urbana, com reais investimentos nos transportes coletivos, deve estar na agenda daqueles que receberam a confiança da população e foram eleitos.
A retomada da economia, após quatro anos de crise, dá sinais que vai continuar em 2019, o que deve ser aproveitado para a mobilidade urbana.
Ainda sem grandes avanços, está no centro da questão o financiamento aos serviços de ônibus, trens e metrôs; ressalta-se, custeio não para as empresas operadoras, mas para a população.
O modelo pelo qual apenas as tarifas bancam os serviços já se mostrou defasado, insuficiente e injusto.
Os transportes coletivos beneficiam a todos, até mesmo quem usa carros, já que contribuem para a redução do trânsito e da poluição, com o melhor aproveitamento do espaço urbano.
Mas, apesar de beneficiar a todos, apenas uma parte da sociedade acaba financiando os transportes coletivos por intermédio das passagens.
Isso sem contar que os custos de benefícios sociais, como as gratuidades, em grande parte dos sistemas de transportes públicos do País são bancados pelo passageiro pagante.
Este fator perpetua o cenário antigo: as tarifas são caras para os passageiros que pagam, mas insuficientes para ampliar os investimentos para a melhoria dos transportes.
A palavra subsídio não deve assustar. Em grande parte do mundo, inclusive na América Latina, as tarifas são mais baixas e os serviços são melhores porque há complementações financeiras.
O caminho adotado pela maior parte das nações não é fazer com que saúde, educação e segurança percam dinheiro para a mobilidade, mas é adotar modelos pelos quais o transporte individual, que ocupa mais espaço urbano e polui mais, ajude a financiar as viagens de transportes públicos.
Projetos no Congresso não faltam. Como houve uma renovação de nomes entre os deputados e senadores, 2019 pode ser uma oportunidade de mostrar que a renovação também foi de ideias. A política que privilegia o transporte individual é ultrapassada e mostrou que causa mais danos que benefícios.
Mas para que os subsídios sejam de fato benéficos à população, os transportes coletivos devem ganhar eficiência, caso contrário, as subvenções vão financiar sistemas viciados que não beneficiam plenamente a sociedade.
Aí que entra a esfera estadual, que em grande parte do País deve ser renovada neste ano de 2019.
Os estados devem liderar em parceria com os municípios ações que realmente melhorem os transportes. A primeira delas é planejamento integrado.
Não adianta vários municípios, um ao lado do outro, com diretrizes diferentes.
As práticas devem ser conjuntas e não com cada cidade “olhando para seu umbigo”. O pensamento deve ser “metropolitano”, afinal, as pessoas não são aprisionadas cada uma em seu município.
Desta necessidade surgiu a defesa da criação das Autoridades Metropolitanas de Transportes que visam justamente a integração entre cidades e sistemas, tanto na infraestrutura, como na gestão e nas tarifas.
Outro passo importante é priorizar de fato o transporte coletivo no espaço urbano.
A falta de espaços como corredores de ônibus eficientes de acordo com a demanda também faz com que as tarifas sejam mais altas. Ônibus presos no trânsito, queimando combustível sem necessidade, frotas maiores para atender a demandas menores geram custos pela ineficiência que aumentam as tarifas.
Muitos também têm se iludido com o “conto” dos aplicativos de transportes como soluções de mobilidade. Os apps, como são chamados na moda, podem ajudar sim, mas como complementares aos serviços de grande e média capacidade, como metrô, trens metropolitanos e ônibus. Algumas empresas de aplicativos, mesmo negando no discurso, querem assumir um papel que não é delas, mas sem as responsabilidades e obrigações dos operadores regulares de transportes coletivos, como as gratuidades, horários e linhas fixos independentemente da demanda, manutenção dos veículos e encargos trabalhistas.
O ano é novo, muitos dos políticos eleitos também, mas os problemas são bem antigos.
Por isso, não é momento de se iludir pensando que a mudança do calendário é o suficiente.
O Brasil passa por questões sérias e antigas que devem ser encaradas com a mesma seriedade por parte dos eleitos e eleitores.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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