segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

PERSPECTIVAS PARA 2020 NA MOBILIDADE

Perspectivas para 2020 na mobilidade
Momento é decisivo e grande parte das cidades está fazendo a escolha errada


Que de fato o transporte coletivo seja prioridade nas políticas públicas.
Que as pessoas voltem saber a viver em cidades, tendo como meta o deslocamento e não o meio, agindo coletivamente.
Que a qualidade de vida e a preservação do meio ambiente estejam no centro das decisões dos governantes e da iniciativa privada, afinal sem pessoas saudáveis e com suas necessidades básicas plenamente atendidas, não há crescimento econômico, não há desenvolvimento social, não há lucro.
Sabe o que entristece ao escrever o início deste artigo? É que estas perspectivas para 2020 são as mesmas que eram para 2019, 2018, 2017, 2016 …. 1952 ....
Se os desejos são os mesmos de décadas, o sinal é ruim. Eles não foram atendidos.
Ocorre que a roda da história não para de girar. Quando um problema grave não é resolvido começam a surgir falsas soluções.  Paliativos que não foram feitos para resolver nada, mas para dar lucro a oportunistas.
É justamente o que está ocorrendo na mobilidade e, em 2020, deve se intensificar. O momento é decisivo, mas muitas cidades estão fazendo a escolha errada.
A palavra da moda é a “demanda”. Mas oportunistas desvirtuam o sentido do que se deveria entender como demanda.
Na mobilidade, a demanda tem sido confundida com algo para atender o anseio individual: carro de aplicativo que ME pega em frente de MINHA casa e ME leva para o MEU destino, enquanto ouço MINHA música e penso em MEU mundo …
As ações estão muito para a primeira pessoa, para o MEU, o EU.
Mobilidade urbana nunca deve ser pensada sob esta perspectiva, a do “eu”. Políticas de mobilidade devem ser para o “nós”.
Assim, carros de aplicativo, patinetes, bicicletas alugadas (o termo mais certo que compartilhadas) e construção de mais ruas e avenidas podem e devem estar entre as opções de mobilidade, mas nunca ser o centro das gestões.
A fórmula é básica e óbvia: as cidades e regiões metropolitanas devem distribuir melhor as ofertas de emprego, renda e ocupação, para evitar a triste rotina que obriga as pessoas a fazerem longos deslocamentos entre a casa, o trabalho e o estudo todos os dias.
Paralelamente, a oferta de redes de metrô, trem, corredores e faixas de ônibus deve aumentar em médias, grandes e enormes cidades. Demanda não é gente. Demanda é necessidade.
Transporte sob demanda é aquele que atende às necessidades e não aos desejos individuais.
As pessoas necessitam se deslocar de forma rápida, confortável, eficiente, sem agressão ao meio ambiente e com custo baixo.  O transporte individual que se disfarça de compartilhado não entrega isso, mas por sua essência de atividade.
Atualmente, de forma geral, o transporte coletivo não está atendendo a isso, não porque não é sua essência, mas porque continua sendo renegado a planos inferiores em suas decisões.
Algumas notícias que provam esta triste realidade.
Em 20 de novembro de 2019, a reportagem noticiou que a Medida Provisória 906/2019 deu novo prazo para os municípios concluírem seus planos de mobilidade.
O novo limite passou a ser abril de 2021, conforme a MP que alterou a lei 12.587/12 (Política Nacional de Mobilidade Urbana).
Esta é a segunda alteração no prazo de entrega do PMU – Plano de Mobilidade Urbana.
O texto original da lei previa como limite abril de 2015. Medida Provisória 818/2048, publicada em janeiro de 2018, alterou este prazo para abril de 2019.
Lamentável que depois de tantos anos, ainda cidades no país não cumpram simplesmente a lei e sequer tenham seus planos para os deslocamentos dos seus, em primeira análise, contribuintes, mantenedores.
Aliás, mais lamentável ainda é o país precisar ter uma lei que obrigue as cidades a terem planos de mobilidade. É a mesma coisa que existir uma lei que obrigue as pessoas a respirarem para sobreviver.
O ano de 2020 é de eleições municipais, que são grandes oportunidades para o início de transformações.
Isso mesmo, início. Eleições sem ilusão. Não é num mandato de quatro anos que o quadro vai mudar, mas uma oportunidade para a classe política começar a fazer política de verdade.
E política não é pedir voto, fazer negociatas, troca-troca, ou buscar por mídia. Mas é criar diretrizes para curto, médio e longo prazo, que ultrapassem quatro anos, quando necessário.
A população quer política … política de saúde, política de segurança pública, política de urbanização, política de mobilidade urbana  …
Que em 2020, a mobilidade de fato seja o centro das atenções e ações.

Extraído originalmente do site Diário do Transporte:
https://diariodotransporte.com.br/2020/01/01/perspectivas-para-2020-na-mobilidade-feliz-ano-novo/

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