quarta-feira, 20 de setembro de 2017

SEMANA DA MOBILIDADE: A IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE PÚBLICO PARA A MELHOR VIVÊNCIA NAS CIDADES

O mundo discute a necessidade de os deslocamentos serem mais humanos, com o carro não sendo prioridade nas políticas públicas.



Esta é a Semana da Mobilidade, que serve para que toda a sociedade discuta como mudar os conceitos de deslocamentos e deixar as cidades menos poluídas, humanas e com maior qualidade de vida para cada um dos seus cidadãos.
Obviamente que o País precisa muito mais que discussões, e sim, de ações.  O básico, todos sabem: os deslocamentos devem ser repensados e as pessoas, não os carros, é que precisam de fato ocupar as cidades. Para isso, os investimentos em redes de transportes públicos, calçadas acessíveis e ciclovias são alguns dos aspectos fundamentais.
A iniciativa foi da Prefeitura de São Paulo, mas o conceito vale para todo o País, inclusive Fazenda Rio Grande, Curitiba e região.
A imagem é clássica, mas diante ainda do privilégio que o transporte individual recebe em praticamente todo país, vale a pena reproduzi-la.
Além de contribuir com a redução da poluição, o transporte público auxilia no melhor aproveitamento do espaço urbano.
Quando o transporte coletivo recebe os investimentos necessários e se torna foco das políticas públicas, não é questão simplesmente de os carros saírem das ruas, mas de as pessoas ganharem espaço na cidade.
Os números absolutos não deixam mentir e, nesta semana, a prefeitura de São Paulo recriou uma cena clássica, que surgiu na Europa no final dos anos 1990, que mostra o aproveitamento melhor do espaço urbano pelo transporte público.
Para isso, foram usados três carros modelo Gol, da prefeitura, um ônibus Caio Millennium IV – Mercedes-Benz, da empresa Viação Campo Belo, uma das que prestam serviços municipais e um grupo de 70 pessoas, a capacidade do veículo de transporte coletivo.
Segundo o site da Volkswagen, a versão do modelo Gol usada nas fotografias e filmagem tem as seguintes dimensões: largura 1,65 metro e comprimento de 3,89 metros. Sendo assim, a área ocupada pelo carro parado é de 6,41 metros quadrados.
Mas a capacidade máxima de lotação do carro é de 5 pessoas.
Assim, cada ocupante do carro, requer 1,2 metro quadrado da cidade.
Já o ônibus usado na filmagem tem 13 metros de comprimento e 2,5 metros de largura. Sua área, parado, é de 32,5 metros quadrados.
Mas a capacidade é de 70 passageiros, Assim, cada passageiro do ônibus ocupa 0,46 metro quadrado proporcionalmente.
Isso significa que, na comparação entre os dois veículos lotados, o passageiro do carro usa uma área 2,6 vezes maior que do que o usuário do ônibus.
Entretanto, há mais um condicionante.
De acordo com último balanço da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego, de 2015, cada carro de passeio leva, em média, na cidade 1,2 pessoa por viagem.
Já o ônibus, por viagem, em média, pode atender 90 passageiros, entre embarques e desembarques.
Assim, levando em conta os dados de ocupação e média transportada na cidade, no carro de 6,41 metros quadrados, a pessoa toma da cidade, 5,34 metros quadrados.
Já com o ônibus, a ocupação por pessoa levando em conta estes fatores da cidade, é de 0,36 metro, proporcionalmente.
Desta forma, o perfil da cidade, o ocupante do carro usa 14,8 vezes proporcionalmente para se deslocar.
O dado ainda não conta a área de distância segura entre um carro e outro, que também toma espaço nas vias, mas  que varia de acordo com fatores como peso e velocidade dos veículos.
Por isso, que propostas como a Cide-Municipal, um imposto sobre gasolina e álcool para financiar o transporte público ou pedágio urbano, se baseiam no fato de divisão mais justa do espaço urbano. Já que o usuário do carro usa mais  a cidade, seria mais justo, de acordo com estas propostas, que ele pague mais e financiar quem usa de forma mais racional.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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